terça-feira, 31 de janeiro de 2012

RAHOTEP


Alto funcionário egípcio que viveu entre o final da III Dinastia e o principio da IV Dinastias.

Em 1871 d.C., é localizada a nordeste da Tumba de Nefermaat, a mastaba de Rahotep. Nefermaat era irmão legítimo de Rahotep.
Uma porta falsa na mastaba de Rahotep ( a tumba de seu irmão Nefermaat, também possuia portas falsas) , permite que os títulos achados demonstrem ao mundo moderno sua descendência, já que as inscrições o descrevem como “Filho físico do Rei” ( Filho verdadeiro de seu corpo).
Este título o transformou sem dúvida no filho de Snefru, o fundador da IV dinastia.
Muito egiptólogos argumentaram, pesquisaram, tentando provar que Rahotep, poderia ter ser filho de Huni, o último Rei da III Dinastia, já que havia, no Império Antigo, o hábito de titular como filho os netos e bisnetos. Sem dúvida o termo “físico” traz realmente a titularidade de príncipe, filho de Snefru e de uma esposa secundaria cujo nome se desconhece.
Irmão de Nefermaat e de Anjhaf, e meio irmão de Jufu, Rahotep, viveu a vida cortesã, onde desempenhou importantes funções, entre elas as de:
Sumo sacerdote do Rei em Heliopolis”,
Mestre do exercito” e
Guia das expedições”.
Estas informações chegaram ao mundo moderno através da falsa porta e do famoso grupo escultórico, onde aparecem seus títulos sacerdotais.
Estes cargos estavam relacionados a rituais do mito Osiriano e a luta entre Horus e Set, representando a luta entre as terras do alto e baixo Egito. “Ua era o arpão sagrado com o que Horus derrota a Set, simbolizados ambos como hipopótamos. O arpão (arma sagrada) no ritual do hipopótamo, com motivo religioso, está bem documentado desde a Dinastia I.
Seguramente Rahotep, como portador dos cargos citados foi o único dos sacerdotes dedicados a conservação da arma sagrada (“Arpão Ocidental”) e tendo a seu cargo as tarefas peculiares ao culto, a custódia e uso ritualista da mesma.
Casou-se com Neferet (Nofret), que ostentava, entre outros, o título de "Conhecida do Rei" o que implicava estar entre os mais próximos do Faraó
No se sabe quem foram os pais de Neferet, nem se Rahotep possuia a mesma descendência de sua esposa.
Rahotep construiu sua mastaba em Meidum, a mastaba número 6, descoberta por Mariette em 1871. Na Mastaba de Rahotep foi localizado o famoso grupo escultórico esculpido em dois blocos independentes de pedra que representavam Rahotep e Neferet, sentados.
Grande parte dos relevos, estelas e fragmentos da mastaba de Rahotep, estão em museus europeus e do Egito.

Escriba - Elise Schiffer
11/2007

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Rituais (Magia) no Egito Antigo

Rituais de Nível Um

Bebidas de Typhon = Bebida de Vampiro

É fundamental que todo Alquimista saiba preparar a cerveja mágica. O sacerdote que não conseguir preparar a bebida de Typhon, deve desistir de buscar os conhecimentos mais secretos. É uma bebida conhecida como a bebida dos vampiros.
Esta bebida não possui nenhuma propriedade medicinal, seu uso é apenas simbólico em rituais; não servindo para laços de sangue nem efeitos morais.
Sistema – A produção da Bebida de Typhon leva um mês, tendo seu inicio na lua nova e sua conclusão na lua nova. Para cada galão produzido o alquimista acrescentaria um “Ponto de Sangue” - seu próprio sangue – no processo de destilação.
Carniças ou Vampiros, utilizam um “Ponto de sangue” para cada um quarto de galão da bebida.
Esta bebida é exclusivamente para rituais.


Escrever no Livro de Set

Em alguns rituais de Akhu, era feita uma leitura (prece); estas preces faziam parte do livro “Peregrinação Noturna”. Para rituais mais simples, bastava apenas a leitura de algumas das palavras contida na prece.
Para rituais poderosos, era necessário o uso dos pergaminhos consagrados. O feiticeiro copiava a mão com escrita hieroglífica, sobre um pergaminho autêntico, utilizando tinta vampirica. Ninguém poderia manusear o papiro, até que ele fosse terminado, o sacerdote que efetuava a escrita (cópia), deveria evitar manchas, sujeira, rasura ou qualquer outra impureza.
Estes papiros (cópias consagradas do Livro da Peregrinação Noturna) possuem um grande valor financeiro, são papiros valiosíssimos; na época significavam grandes favores no Templo Setita.
Eram documentos muito importantes para a execução de vários rituais poderosos, junto ao Papiro um Livro de Set, para aumentar o poder da magia no ritual.
Cabe esclarecer que a lenda afirma que o Livro de Set não poderia ser exposto a luz solar; quando exposto o mesmo pegaria fogo, embora não possuisse nenhum efeito mágico.
O feiticeiro podia utilizar o mesmo ritual para escrever outros textos, e o resultado final e os cuidados com o livro deveria ser o mesmo; os Setitas, se utilizavam deste aspecto do ritual, para manter vários textos sagrados longe dos mortais (povo).
As inscrições no livro de Set, requeria do ritualista Inteligência mais Ocultismo (dificuldade 4). Qualquer falha, indicava que o ritualista não havia preenchido todos as condições necessárias enquanto escrevia o texto, houve erros, o copiador não precisava usar sua própria vida vampirica no processo, a cópia era conferida apenas a alguns escribas com prestigio.


Selar os Portais do Sangue

Os sacerdotes doutrinadores do antigo Egito, eram como médico. Prescreviam em alguns casos amuletos de Set. Estes amuletos eram utilizados para prevenir abortos espontâneos e excesso no fluxo menstrual, pois acreditava-se que a masculinidade brutal do Deus Negro assustava e contraia o útero enfermo, cessando o fluxo.
Setitas egípcios negociavam, ritualmente os favores dessa magia.
Sistema – O amuleto, não requeria nenhum cuidado especial para ser prescrito a mulher que o usaria, na tentativa de evitar o aborto ou excesso de menstruação. Havia a crença de que o sangue menstrual seria repassado para o sacerdote doutrinador – surgindo assim um ponto de sangue por mês, sendo que nunca mais poderia deixar de usa-lo, caso contrario a magia seria quebrada. Este ponto de sangue era magia e não humano.




Rituais de Nível Dois

Abertura da Boca

É um ritual mágico, muito parecido com o ritual antes do enterro. O rito funerário dava ao morto a capacidade de respirar e falar no mundo inferior. Permitindo que o morto falasse através de seu cadáver. Para o sucesso do ritual de abertura da boca, era necessário que a cabeça e a língua do cadáver estivessem intacta . O sacerdote ritualista, borrifa água com sal no cadáver, colocava três amuletos sobre o corpo e pronuncia a prece funerária. Ao término de tudo, o sacerdote ritualista, tocava na boca do cadáver com um bastão, comandando o gesto da fala do cadáver.
Sistema – Se este ritual for executado de forma correta, a morte poderá ouvir e falar por um minuto, embora não possa executar nenhuma outra ação. O ritual não obrigava o cadáver a falar a verdade, nem saber nada após sua morte.
O cadáver não poderia falar nada após a morte nem do Mundo Inferior se fosse perguntado, já que era proibido por Osíris, tais revelações. Mesmo que durante toda a vida, não tenha conhecido a Deusa Osiris e seus mistérios.
O ritual de abertura da Boca, só funciona uma única vez para cada ritualista e para uma determinada pessoa morta.


Sonhos de Duat

O sacerdote ritualista amaldiçoava alguém, por intermedio de Set, para que a vítima sofresse de pesadelos terríveis. Neste ritual era utilizado uma parte do corpo da vítima, como ponta de cabelo, unhas e fios de cabelos. Estas partes do corpo eram colocadas numa figura de cera com o nome da vítima inscrita em hieróglifos. Diante da figura de cera era recitada a maldição e mergulhava-se a figura numa mistura amarga de água com sal; sal proveniente do rio de Duat. Após este ritual, a vítima teria sonhos horríveis com Duat.
Há uma diferença neste ritual, ele utilizava o nível da Força de Vontade da vítima, como barreira do teste. A cada noite bem sucedida pelo sacerdote ritualista, a vítima sofria horríveis pesadelos, em contra partida, para cada noite com pesadelo, a vítima perdia um ponto na força de vontade.
Caso houvesse algum erro no ritual, a vítima teria um sonho diferente. Durante o pesadelo, na escuridão do medo, com monstros e morte, um barco iluminado, remado por homens e mulheres com cabeças de animais, traziam um homem com cabeça de Íbis – deus Thor – que contava a vítima o nome do ritualista que estava amaldiçoando - lhe. Pondo assim por fim a maldição.




Rituais de Nível Três

Elixir da Alma Ligada

Bebida mágica – nada mais é do que a Bebida de Typhon, misturado ao suco de diversas ervas, como ópio, mandragora e até mesmo a maconha. Antes de beber o Elixir da Alma Ligada, o sacerdote ritualista o derramava sobre uma estrela que possuía uma oração para Anubis.
O sacerdote relembrava a missão do deus em julgar os mortos e solicitava um poder semelhante, com intenção de enxergar os corações dos outros enquanto estivessem dentro do mesmo campo transitório.
Esta bebida tornava quem a bebeu, totalmente incapaz de manter o controle mental. Podemos afirmar que este elixir era uma droga poderosa, pois a descrição afirma que o usuário perdia a capacidade de definir quais eram os seus reais pensamentos. Bebida utilizada por Vampiroso e mortais.
Sistema - Ao confeccionar o elixir da Alma Ligada, era possível obter apenas duas dose.
Uma pessoa após ingerir o elixir, poderia sentir o prazer, a dor, pensamentos e sensações de outra pessoa que estivesse sobre o efeito do elixir. Desde que as duas estivessem próximas.
Qualquer um dos dois usuários, poderia sentir as penalidades sofrida pelo outro (até mesmo ferimentos), incluído testes e habilidades(frenesi), que poderiam ser utilizados do outro participante.
Para um perfeito resultado, o usuário do elixir não poderia resistir a dominação e ao controle mental. O usuário não poderia usar da Força de Vontade para resistir ao Controle.
Após a ingestão do elixir, o usuário deveria a cada hora efetuar um teste de Vigor (dificuldade 6) para escapar dos efeitos do próprio elixir.

Envio de Escorpiões

Uma lenda nos conta que Set enviou um escorpião para envenenar e matar Hórus. A partir daí surge o ritual de criar um escorpião mágico para atacar um alvo pré determinado. O veneno mágico do escorpião possuía grande chance de matar um mortal ou causar grandes problemas, até mesmo a um vampiro.
O sacerdote ritualista, produzia um modelo de escorpião em cera, com uma ponta de unha, cabelo ou qualquer outra coisa do corpo da vítima. Escrevia o nome de Set com tinta verde no corpo do escorpião de cera e recitava o ritual de envenenamento de Hórus, sem pronunciar o trecho onde dizia que Hórus foi curado.
Este modelo de cera é deixado em local freqüentado pela vítima. Assim que a vítima passasse perto do escorpião de cera, ele se transformaria num escorpião verdadeiro e ferroaria a vítima.
Sistema – O veneno do escorpião era letal e a cada 15 minutos causava dano a um ponto do corpo. O dano era interrompido somente através do teste de Vigor com dificuldade 7, onde se utilizavam sangue (os vampiros) para aumentar o vigor e assim a vítima resistir ao veneno. Este veneno afetava a todos os corpos físicos.
A vítima poderia ver o escorpião antes que fosse atacada, porém se a vítima conseguisse matar o escorpião antes fosse ferroado, o animal voltará a forma de cera, se a vítima o matasse depois de ser ferroado, o animal permanecerá com a forma animal (vivo).




Rituais de Nível Quatro

Areia Mutiladora

Uma pequena porção de areia consagrada do rio Nilo, teria o poder de trazer de volta toda a sorte de espíritos. A areia mutiladora, teria o poder limitado sobre as criaturas sobrenaturais. Temos conhecimento de uma lenda onde o ritualista conseguiu impedir que uma serpente gigante cortada ao meio, conseguisse reunir seu corpo, com a areia mutiladora.
A areia mutiladora, teria que ser autêntica do rio egípcio, lavada até ficar limpa e seca a luz do sol. Após este processo, areia seria perfumada com ervas, sal e algumas gotas de sangue. O ritualista deveria cantar uma canção em homenagem ao Nilo. Ao usar a areia mutiladora, o ritualista invocaria o deus egípcio Anubis, para atuar contra aparições, Ra e Set para exorcizar os demônios de Duat e Seker para afastar vampiros. O ritualista deveria ser suficientemente capaz de saber qual o melhor deus a invocar em casa situação.
Sistema – O sacerdote ritualista tinha o poder de encantar a Areia Mutiladora antecipadamente. Esta areia manteria seu poder até o raiar do dia. Uma vez que o espírito tenha sido exorcizado, ele voltará para o seu próprio lugar (lar). A areia funcionava poderosamente contra todos os espíritos, não apenas contra os de origens egípcia.
A areia Mutiladora, retirava temporariamente a habilidade regenerativa das criaturas sobrenaturais. Poder que deveria durar um minuto.

Convocação de Sebau

O sacerdote doutrinador utilizava um modelo em barro para convocar Sebau – os demônios de Duat – e assim envia-los para atacar seus inimigos ou executar determinadas tarefas. O ritualista deveria esculpir o modelo em barro com as próprias mãos, utilizando barro misturado o seu próprio sangue.
Caso o ritual fosse bem sucedido, o sacerdote ritualista poderia ordenar um determinado serviço a ser executado no período de uma noite. Caso houvesse uma falha por parte do ritualista, ele próprio seria atacado pelo demônio.
Era necessário que o ritualista conhecesse o nome verdadeiro da vítima ou alguma parte do corpo da mesma, para que pudesse dar as ordens de ataque ao demônio invocado.




Rituais de Nível Cinco

Cippus de Banimento

Os egípcios adoravam a estrela com afigura de Hórus, pisando sobre crocodilos, esmagando escorpiões e serpentes com as próprias mãos. Esta estátua era chamada Cippus, que servia como amuleto para afastar criaturas malignas do mundo. Os seguidores de Set, raramente confeccionavam esse amuleto. Era muito difícil os Setitas usarem a figura de Hórus em magias.
A estrela de adoração, servia para proteger contra espíritos, não contra animais vivos. Esta estrela quando consagrada, poderia barrar a presença dos espíritos demoníacos de Duat.
Uma pequena parte do povo, possuía Cippus de Banimento, o que provocava brigas pela cobiça na posse do objeto, onde o possuidor tornava-se poderoso.
Sistema – Os espíritos de Duat não poderiam se aproximar mais do que 30 metros de distância de um Cippus de Banimento. Caso o espírito tente a aproximação, o mesmo seria repelido de volta a Duat. Não há uma condição especial para a confecção da estátua. O encantamento da estrela, requeria apenas algumas horas de orações, exorcismo com a areia mutiladora, incenso, banho da estrela em mel, cerveja e sangue de crocodilo, uma vespa e escorpiões esmagados.
No final da cerimônia, o sacerdote deixava a luz do sol queimar sua mão enquanto terminava as orações; o sol queimar sua mão custava um ponto de Força de Vontade, não esquecendo que custava também um ponto de Dano Agravado.
Finalizada a oração e exposição da mão ao sol, a estátua de Cippus de Banimento funcionaria por si só, continuamente.
Foram encontradas e expostas algumas estátuas de Cippus de Banimento, que possuem milhares de anos.




Rituais de Nível Seis

A Múmia Híbrida

Múmia Híbrida = Um cadáver humano + um cadáver de animal
O sacerdote ritualista poderia utilizar partes separadas de um cadáver humano e de um cadáver animal. Mumificar o conjunto (os 2 corpos unidos) e convidar, (não convocar) um espírito para ocupar e dar vida ao corpo remendado, juntado ou unido.
As formas típicas de Múmias Híbridas que existiam (para os crédulos), eram de homens e mulheres com cabeças de animais, imitando deuses egípcios, ou bestas com cabeças e mãos humanas.
A criação de uma Múmia Híbrida, precisava de um corpo humano e um corpo de animal em boas condições materiais para mumificação. O estágio físico da preparação durava 40 dias, período igual a qualquer processo comum de mumificação; juntamente com a mumificação, deveria haver vários rituais.
No final, o sacerdote conduzia uma invocação de Apep e outras entidades temíveis do Mundo Inferior durante horas, enquanto defumava o cadáver enfaixado que repousava acima de uma fogueira de fogo nocivo e fétido.
Poucos são os fantasmas que permitem ou aceitam ocupar um cadáver remendado com aspecto animalesco. Ao invés disso, o sacerdote-doutrinador , invoca fantasmas malignos e enlouquecidos chamados de espectros, que de alguma maneira escaparam ao julgamento, e os Devoradores de Corações, ou Demônios de Duat, espíritos que nunca foram humanos. Alguns poucos sacerdotes utilizavam as Múmias Híbridas como escravos.
Sistema – Este ritual era um teste de Inteligência + Ocultismo, e de Força de Vontade no final do ritual. As Múmias Híbridas eram duradouras que os Zumbis da Necromancia.
Zumbis = Podiam durar milhares de anos enquanto habitassem criptas e labirintos subterrâneos. Por Misericórdia dos deuses, eles entravam em decomposição quando expostos a luz solar ou aos incrédulos dos tempos modernos.
Uma Múmia Híbrida tem inicio com um ponto grátis em cada atributo físico e mental. Um sacerdote-doutrinador pode criar uma Múmia Híbrida com destreza, força e vigor. O ritualista deverá utilizar os pedaços maiores e mais fortes para compor o cadáver.
Os Híbridos podem ter até dois pontos em Inteligência e Raciocínio ou Habilidade.
Uma Múmia Híbrida recém criada não poderá possuir nenhuma Habilidade que seu criador não possua, ou em nível superior a ele. Estas múmias podiam aprender com a experiência e conseqüentemente aumentar seu carisma, manipulação, atributos mentais e habilidades, sendo que este aperfeiçoamento custaria quatro vezes mais do que custaria a um vampiro.
A Múmia Híbrida é um personagem único. Seu criador poderia escravizar sua vontade com Disciplinas ou até mesmo com magia, não esquecendo que a Múmia possuía uma mente própria e seus interesse próprios aflorados, devendo por tanto ser controlada pelo seu criador.

Bibliografia: Blood Sacrifice, White Wolf 2002


Elise Schiffer
julho/07
Publicado no Boletim do Estegosauro Volume V nº 10

Inscrições Fraudadas no Egito Antigo

No Egito Antigo, era comum em todo o pais, que um governante se apropriasse de monumentos ou até mesmo de inscrições do governante anterior.
Ramsés II, foi um verdadeiro especialista neste costume, apropriando-se de muitos monumentos.
Humildemente, tentarei explicar de forma simples, o que aconteceu com alguns boatos com relação a descobertas fantasiosas.

Figura 1

Uma onda de suposições, correu mundo como é de costume; pessoas sem escrúpulos afirmavam que o povo egípcio tinha conhecimento de armamento militar, tais como: tanque de guerra, helicópteros, submarinos, aviões e etc.
A sede de descobertas, cega e as mentes inescrupulosas enxergam exatamente o que suas contas bancárias ambicionam ver e não realidade.
O que é real ?
A dura constatação da usurpação de inscrições de Set I por Ramsés II, seu filho.
A descoberta fantasiosa que enriqueceu pesquisadores gananciosos, foi real ?
Não !
Sei, apenas que, para estudarmos a cultura egípcia, é preciso cautela e respeito.

Figura 2

As imagens acima mostram um relevo (modificado) do templo de Set I da XIX Dinastia, em Abidos. Observando as figuras sem a imaginação fantasiosa dos especuladores, poderemos ver claramente que há inscrições superpostas.
A sombra, a posição da luz e a superposição das inscrições, somada a uma imaginação fértil, fazem com que simples inscrições, tornem-se descobertas interplanetárias,
Uma das inscrições, a de maior tamanho, pertence a Set I e forma parte de seu título.
Título: “As duas Senhoras” e os textos que aparecem, podem ser traduzidos como “de forte braço que repele os inimigos”.
As inscrições que se demonstram superpostas, foi modificada pelo filho, Ramsés II. Estas inscrições formavam parte do título NEBTY deste Faraó. A atual sobre o significado NEB. Sua tradução poderia ser – “ As duas Senhoras. Protetora do Egito, que domina os países estrangeiros”.
Temos que pensar que os hieróglifos originais de Set I, uma vez modificado por Ramsés II, ficaram abaixo, cobertos por uma capa de estuque que posteriormente foram pintados. Com o passar dos anos, o estuque e a cor se perderam, mostrando os signos superpostos, tal como se ve na fotografia.

Figura 3

Observando atentamente os relevos dos monumentos, podemos observar, em muitos lugares, grande quantidade de usurpações e retificações de relevos originais, motivados por questões políticas, religiosas ou simplesmente porque o artesão encarregado de realizar o tal relevo, não havia feito o que as normas estabeleciam.

Figura 4


Os egípcios foram caridosos, ao deixarem todo o seu conhecimento para nós. Precisamos estudar e buscar conhecimento com respeito e não com ganância.


Elise Schiffer.
Junho/2007
Publicado no Boletim do estegossauro Volume V nº 9

ADMOESTAÇÕES DE IPUWER

Autor presumido - Algum ESCRIBA do Baixo Egito no período da VII Dinastia


Nota: O autor do texto vivia no Baixo Egito, região invadida por estrangeiros, o que explica seu impulso/protesto em criar esta obra literária.

O texto fala sobre as tragédias que caíram sobre o Egito e narra toda a caminhada de um sábio chamado IPUWER, que pretendia chegar ate o Faraó, buscando auxilio para livrar o Egito do domínio estrangeiro, embora não conhecesse a corte, já que vivia no Delta. IPUWER entendia que algo deveria ser feito para alertar o Faraó dos Perigos.
Após o longo governo de Pepi II, nasce a VII Dinastia, que ficou conhecida como “ Dinastia de 70 reis que reinaram por 70 dias “. Cabe lembrar que essa e uma expressão poética para narrar disputas e crises, onde o poder teria passado de mão em mão, chegando mesmo a ter passado por mãos que não possuíam sangue real para governar,
Muitas pessoas traduziram de forma errada a expressão “ 70 reis que reinaram por 70 dias “, duvida sanada já que os soberanos não governaram apenas 1 dia, a duvida serviu para a descoberta de que os Egípcios utilizavam metáforas em sua poesias.
O texto transcrito e uma tradução feita por Eduardo Brandão da versão de Brigitte Evano da historia Admoestação de Ipuwer, publicada no Brasil pela companhia das Letras.


“ .
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Nada vai bem no Egito. De norte a sul, o pais parece estar atravessando uma crise de loucura. Uma grande infelicidade se abate sobre o reino do Velho Faraó. Tudo anda as avessas.
O Nilo transborda, mas ninguém aproveita para cultivar os campos. As mulheres ficam estéreis, os homens são dizimados pelas doenças. Nas cidades, os acontecimentos se aceleram de maneira inquietante. Ninguém mais paga imposto. O pais inteiro esta a beira do abismo.
Ante essa situação, os grandes, os que costumam tratar dos negócios do reino, estão desconsolados. Eram ricos antigamente, agora são obrigados a vestir farrapos e o estômago deles chora de fome.
Enquanto isso, os pobres possuem os mais belos objetos, e os que antigamente não tinham, meios nem para comprar sandálias de viagem, agora andam em liteiras douradas.
Os que não tinham pão possuem agora paióis de trigo, mas neles não há escriba capazes de controlar os estoques.
As que não possuíam nem mesmo uma caixa de metal ordinário, vivem agora rodeadas de arcas ricamente ornamentadas, repletas de tecidos suntuosos.
As que eram obrigadas a se debruçar sobre a superfície da água para ver sua imagem, possuem agora mil espelhos.
O Sábio Ipuwer contempla todas essas mudanças inquieto
Não e tanto a reviravolta das situações que o faz estremecer e e temer pelo futuro. Porque, afinal de contas, trata-se apenas do mundo pelo avesso, se os pobres tivessem ficado ricos, mas continuassem a fazer o Reino funcionar corretamente, enquanto os que outrora foram ricos passassem a ocupar o lugar dos pobres, o Reino do Faraó poderia continuar enfrentando os anos por vir.
Mas as coisas não são tão simples. Não há mais estabilidade, nenhuma situação dura o bastante para que a boa marcha do pais seja assegurada.
Ipuwer decide ir ao palácio conversar com o velho faraó.
O palácio Real não parece afetado pela tormenta que atinge a todos. Os guardas estão a postos, a vida corre tranqüila, como se nada de errado estivesse acontecendo lá fora.
Ipuwer pede uma audiência, que lhe e concedida de muito ma vontade. O sábio começa a suspeitar de alguma coisa.
Quando se apresenta diante do Faraó, esta decidido a lhe contar a verdade, por mais que isso possa lhe custar, porque ele sabe perfeitamente que suas palavras vão ser consideradas verdadeiros crimes de lesa-majestade.
De fato, o Faraó vive como antigamente, e Ipuwer suspeita de que ele não esta a par dos acontecimentos. Seus conselheiros, felizes por escapar do tumulto permanecendo no palácio, escondem-lhe a verdade.
Ipuwer começa assim seu discurso:
“ Sabedoria, inteligência e direito estão contigo, mas tu deixa o pais presa da desordem. Ninguém mais respeita tuas ordens. O pais gira como o torno de um oleiro e tu nada fazes”.
Sem deixar ao faraó tempo para replicar, Ipuwer continua:
“ Mentiram-te, o pais esta entregue as chamas, os homens se matam de uma ponta a outra do Reino, os próprios templos já não são respeitados. Faraó, vê o estado do teu pais ! Fica sabendo que es culpado que es culpado pelo que lhe sucede ! Tu te trancaste em teu palácio sem procurar saber o que acontece lá fora. No entanto, devias suspeitar de que teus conselheiros estavam te mentindo. Age já, restabelece a orem, se ainda podes faze-lo !”
Ipuwer percebe no rosto do velho Faraó sinais de cólera. Sabe que sem duvida vai perder a vida por ter ousado dizer a verdade. Contudo, teme, ainda mais que isso, que seja tarde demais para restabelecer a ordem as margens do Nilo.
O Faraó, porem, não esta com raiva dele: esta e furioso contra os que o enganaram por tanto tempo.
Agradece, a franqueza de Ipuwer e pede-lhe que o ajude a trazer o Egito de volta a normalidade.
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. . . “

Nos trechos transcrito, não constam todos os versos da Obra, afinal o texto não e uma tradução literal e sim tradução do sentido do texto.
Outra grande agressão ao texto foi transforma-lo em literatura infantil, o que acarretou a retirada da passagem onde Ipuwer se queixa ao Faraó dos estrangeiros que vieram para o Egito.
Admoestação de Ipuwer, deixa clara a indignação dos Egípcios aos seguintes fatos.
- O crescente fluxo de estrangeiros para o Egito.
- A incapacidade do governo de impedir que os estrangeiros adquirissem poder em terras egípcias.
Novamente citamos que Admoestação de Ipuwer não e uma obra completa, já que e uma reunião de textos famosos do incompleto pergaminho Egípcio.
Outro texto importante sobre Saque das Tumbas Reais e:

“.
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Olhai agora, alho nunca acontecido se realizou: o Rei foi levado pelos homens pobres ... alguns irresponsáveis despojaram a terra de seu Rei ... homens se rebelam contra as Uraeus que fazem a paz das Duas Terras.
Olhai, o segredo da terra, cujos limites são desconhecidos, foi posto a mostra. O palácio pode ser destruído em uma hora ... As esposas dos nobres trabalham agora no campo, e seus maridos, em casas pobres. Mas aquele que nunca dormiu nem mesmo num leito de tábuas possui agora uma cama própria ... Os donos de belas roupas estão em andrajos. Mas aqueles que nunca costuraram para si possuem agora os mais belos linhos ... . Ela, que nunca possuiu uma pequena mala para guardados, possui agora um baú, e aquela que se olhava nas águas vê-se agora nos próprios espelhos ... os filhos das nobres são atirados contra as paredes ... empregados falam o que querem ...
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. .
. . .”

Encontramos lamentos sérios que não estavam no texto anterior e estão presente neste, deixando clara a noção de uma revolução, invasão de povos inimigos e a perda dos bens pelos monarcas.
A expressão de que o rei foi levado pelos pobres, permanece sem um significado.
Não podemos entender levado como seqüestrado, Ipuwer estava se queixando ao faraó, o que significa que referia-se a Múmias dos Faraós já mortos.
Os súditos reverenciavam os Faraós como verdadeiros Deuses, seres com poderes inimagináveis. O saque das Tumbas e um trauma para a Civilização Egípcia.

Elise Schiffer
Mar/2008

Publicado no Boletim do Estegossauro  Volume II nº 7