sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

ALIANÇA ou ANEL DE COMPROMISSO




O registro mais antigo que se tem sobre aliança de casamento ou anel de compromisso é de 2800 a.C..
Que povo utilizou-se desta prática ?
Os egípcios, é claro.
O povo egípcio usava um anel, para registrar, informar e comunicar a sociedade o casamento. Eles acreditavam que o círculo, era um símbolo sem começo nem fim, simbolizando portanto a eternidade da união. Cabe lembrar que no Egito, havia o divórcio. O casamento representava a realização do desejo que duas pessoas tinham em viver juntas, quer fosse por amor ou poder, O casamento no Egito não possuía enquadramento jurídico e nem obrigatoriedade de cerimonia religiosa.
Não há registro em hieroglifos, hierático ou demótico para a palavra "casamento". Embora a literatura egípcia, como o Ensinamento de Ptah-hotep, aconselha o homem a casar, formando uma família tão logo tenha condições materiais para mante-la.
Nestes mesmos textos Ptah-hotep aconselha o homem a amar e agradar sua esposa.
Esta valorização do casamento esta clara na arte egípcia; as esculturas e as pinturas nos túmulos, atestam o valor do casamento, o homem aparece sempre acompanhado por sua esposa, que o abraça carinhosamente.
O costume egípcio era casar as mulheres entre os 12 e os 14 anos, já os homens casavam-se entre os 16 ou 17 anos. Acredita-se que as idades precoces eram em função da baixa expectativa de vida no Egito. Os noivos dependiam da provação paterna, condição obrigatória, para a realização do casamento, caso houvesse a aprovação para o compromisso, iniciava-se as negociações com a família do noivo.
O noivado era um período para troca de presentes entre as famílias.
Ocorria normalmente casamento entre primos, tios paternos e sobrinhas, tias paternas e sobrinhos. Já o casamento entre irmãos, era um costume apenas da família real que necessitava manter o poder, a grande maioria entre irmãos, foram realizados entre meios-irmãos.
Para a realização do casamento, havia a obrigatoriedade do noivo possuir uma casa, que era proporcionada pela família do homem, que também deveria fornecer terras e bens materiais necessários à vida em comum.
O homem matinha sua autoridade máxima na casa.
O nome da mulher casada deveria ser precedido pelo título de "nebet-per", o que significa "a dona da casa".
Os egípcios ofereciam um anel à futura esposa, que o usava no dedo anular da mão esquerda, pois acreditavam que neste dedo havia o vaso sangüíneo com a ligação mais rapida e direta ao coração.
Acredita-se que desta forma, o dedo anular esquerdo tornou-se, o simbolo do casamento, unindo o matrimônio ao coração dos noivos.
A simbologia da eternidade estava ligada ao circulo sem fim, o simbolo da perfeição sem começo e sem fim, quer fosse anel ou aliança. Assim, o seu uso em cerimônias significa que duas pessoas estão unidas para sempre.
Os Faraós do Egito foram, se tenha conhecimento, os primeiros humanos a usarem o círculo, sem começo ou fim, como símbolo de eternidade.

Escriba Elise
Nov/2009

Informações complementares:
Em 1549, o Livro de Orações Comuns, da Igreja Católica, designada a mão esquerda como "mão do casamento", uma tradição reconhecida até hoje em todo o mundo.
No século XIII, as famílias não possuíam o hábito de usarem aliança
como simbolo de compromisso. Foi o Papa Inocente III, quem decretou que deveria haver um período de espera entre o pedido de casamento e a realização da cerimônia. Retorna a tradição do anel e aliança de casamento.

Foto complementar:


Anel duplo com THOT
Achado na Antecâmara de Tutancâmon
Material: Ouro sólido, duplo
Decorado com figuras divinas


Bibliografias:
Egito – J. A.Wilson - 1.970
Egito dos Faraós – Frederico Arborio Mella – 3º edição - 2008
Historia da Civilização do Egito Antigo, - J.Pirenne – 1.967
Fotos: Museu Egípcio do Cairo












O Rei Escorpião - Faraó

Há tão pouco sobre o rei Escorpião. Conhecemos apenas um único o desenho que o retrata com a coroa branca do Alto Egito, abrindo um canal de irrigação, desenho de uma maca de calcário original do museu Ashmolean Museum.

Sabemos que este rei pertenceu a Dinastia Zero, que governou o Alto Egito algumas décadas antes de Narmer, que provavelmente teria sido entre 3.100 a 3.000 antes de cristo.
Ao assistir, tardiamente, o filme - Escorpião o Rei -, muito me entristeceu constatar o vasto arsenal de mentiras que chegam a massa populacional numa manipulação gananciosa apesar do globalizado em vivemos.
A ganância não respeita historia, não respeita o tempo e não respeita o bicho homem, que e herdeiro direto de todo o conhecimento e conquistas da humanidade.
Cabe lembrar que na época do Rei Escorpião a escrita germinava, já que se fazia necessário controlar o numero de soldados que compunham as tropas, os impostos pagos pelo povo sob a forma de mercadoria, e principalmente para manter delimitada a extensão territorial, que mudava logo após cada batalha.
O Rei Escorpião ficou na historia graças a Escrita primitiva do período Pre Dinastico. Este fato nos permite ter uma pequena noção da grandiosidade da escrita.
Não há verdades no filme, alguns fatos não possuem consistência na historia.
  • Não havia armas de aço ou ferro, provavelmente era utilizado lanças com ponta de pedra, arco e flecha e coisas do tipo.
  • As cidades do Antigo Egito não possuíam muros.
  • Não havia pólvora nem contato do Egito com a China.
  • O Egito ainda não utilizava cavalos ou camelos no período Pre-Dinastico.
Logo após ao Rei Escorpião surge a unificação do Egito.

Escriba Elise

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Amazonia e Egito, uma ligação no passado.

O  infinito legado do Egito

            Era uma vez, a muitos anos atrás, um sacerdote egípcio, pertencente a Escola de Mistérios  da cidade de Sais, este sacerdote havia recebido de seu avó, informações sobre uma civilização extinta.
            Sólon, era o nome deste sacerdote.
            Um dia, Sólon encontrou-se com Platão e os dois tornaram-se amigos, esta amizade acarretou numa troca de informações. Assim Platão ficou conhecendo a fantástica história de uma ilha submersa com dimensões  continentais, com o nome Atlântida..
            Como quem conta um conto, aumenta um ponto, a história de Atlântida ficou rica em detalhes e hoje é mais ou menos assim.
            Uma ilha que se estendia desde a Groenlândia até o Norte do Brasil.

            Seu povo conheceu e conviveu com os  lemúrios, povo que vivia do outro lado do continente, no Oceano Pacifico.
            A ilha de  Atlântida sofria com os terremotos e vulcões, o que acarretou duas das três destruições.
            A primeira destruição, foi a +/- 50.000a.C., várias ilhotas que ficavam junto da ilha principal afundaram, juntamente com a parte norte do continente, justamente a parte que ficava próximo a Groenlândia, em decorrência da ação dos vulcões e terremotos.
            A segunda destruição, acredita-se que tenha sido pela mudança do eixo da Terra, o que ocorreu +/- 28.000 a.C., grande parte do continente afundou, restando apenas algumas ilhas, das quais uma que conectava a ilha de Atlântida à  América do Norte.
            A terceira destruição é exatamente a citada por Platão, que descreve a destruição e submersão da ilha, como tendo ocorrido em uma só noite, restando apenas pequenas partes mais elevadas, que hoje, provavelmente,  seriam os Açores.
            Nada se sabe da primeira destruição. Diz a lenda que a  ilha era colonizada pelos Atlantes e os Lemúrios, que haviam fugido de seu continente, pois sofriam com terremotos e inundações.
            Estas duas raças, viviam em harmonia. Os  Atlantes julgavam a si pelo caráter e não pelo que tinham, viviam em harmonia com a natureza. Parte da população era voltada ao espiritual, enquanto o restante era voltado para o lado prático, ou seja vida plenamente material. Nesta época a população possuía poderes mentais.
            Nesta época, os Atlantes sofreram com ataques de animais ferozes, o que os levou ao manuseio de armas e um avanço tecnológico para defesa. O avanço tecnológico expandiu-se também para agricultura,  educação e vida pessoal, acarretando um afastamento dos seus princípios básicos, que eram os  valores psíquicos e espirituais, que acabaram  por decair.
            Os Atlantes foram perdendo a capacidade de clarividência e suas habilidades intuitivas por falta de treinamento e uso, a ponto de começarem a desacreditar de tais habilidades.
Surgem então dois grupos distintos: 
"Os Filhos de Belial" e "As Crianças da Lei Um".
            Os filhos de Belial trabalhavam pelo prazer, tinham grandes posses, mas eram espiritualmente imorais. Enquanto que as As Crianças da Lei Um  eram voltados ao amor puro e praticavam a reza com meditação, buscando o conhecimento divino.
            Logo após essa divisão da civilização atlante, ocorreu a primeira destruição da ilha, ocorrendo erupção de vários vulcões. Essa destruição faz com que grande parte do povo de Atlântida fujam.
            Uma parte foge em direção a África onde o clima era muito favorável e possuíam muitos animais que podiam servir como fonte de alimentação. Ali os descendentes dos atlantes viveram bem e se tornaram caçadores.
            Outra parte segue em direção a América do Sul, onde permaneceram algum tempo, este local seria na região onde hoje é a Bacia Amazônica. 
            O grupo que foi para a América do Sul,  degenerou ao se alimentarem de carne crua,  pensando que com isso obteriam a força do animal, e na verdade o que aconteceu foi a perda das habilidades psíquicas. O tempo passou e os descendentes atlantes encontraram um povo chamado Ohlm, que eram originários da Lemúria, as duas raças se uniram e compartilharam novas técnicas de mineração e agricultura.
             Há muito mais a ler sobre Atlântida, o continente perdido. Não percam esta oportunidade e se deleitem com a magia de um mundo perdido.

Escriba Elise
Março/2010



quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Rainha Hatshepsut. Parte 3

Baixo Relevo de KarnaK. A rainha com a dupla coroa, a barba postiça e a clava. No lado superior da figura esta o Panteão com o nome MAAKTKARE.

Escriba Elise

A Rainha Hatshepsut. Parte 2

A barba que observamos no rosto é postiça. Ficando presa à coroa através de correias.
Para entendemos melhor a força Hatshepsut – mulher carismática e politizada, deveremos voltar um pouco no tempo e relembramos a XVIII Dinastia; a mais conhecida de todas as Dinastias Egípcias, apesar de somente a Tumba de Tutankhamon resistir intacta a força do tempo.
Tutmosis I (pai)                  X                  Ahmasi (mãe - a grande mulher )
                                    Hatshepsut

Tutmosis II (filho)              X                     Hatshepsut
(não era filho da Grande mulher).                              ( meia irmã de Tutmosis II – os dois se casam)

Tutmosis III ( filho legítimo de Tutmosis II com a grande mulher, que perde seu lugar para sua meia tia – madastrada)


O Faraó Tutmosis II herdou o trono de seu pai. Este Faraó não era filho da Grande mulher do Faraó, mais o sucessor direto, havia falecido antes do pai, deixando a linha sucessória livre para ele.
Quando Tutmosis II faleceu, deixou seu filho muito pequeno ( Tutmosis III), desta forma Hatshepsut, passou a governar como regente.
Uma mulher Faraó ?
Sim.
Hatshepsut, era uma mulher de caráter excepcional, possuía força política e carisma, além de ser hábil no controle do Clero de Amon.
Com sabedoria, consegue usurpar o trono de Tutmosis III e tornar-se Faraó, com direito a toda a honras.
É necessário lembrar, que nesta época as mulheres não podiam ocupar o cargo de Faraó, não podiam ser rainhas, no máximo a grande mulher do Rei.
A conquista de Hatshepsut é um marco na política do Egito.
A indícios de que Hatshepsut , conseguiu convencer parte do Clero de Amon , de que ela seria a verdadeira encarnação de Amon-Ra. O que permitiu que ela tomasse posse do cajado, o manual, as coroas e a barba real.
A rainha Faraó, após ser proclamada Faraó, masculinizou sua imagem, passou a adotar o protocolo faraônico, que sofreu alterações, com a eliminação do título “touro poderoso” e adotou a coroa do baixo e alto Egito. Outra grande conquista, foi conseguir uma esfinge com seu rosto, já que as esfinges de leão so representanvam rostos masculinos.
Hatshepsut, se fez passar por Homem ? Sim.
Se vestia como homem ? Sim.
Não temos as repostas conclusivas.
Seu período de governo, foi voltado para o comercio e para reforma do templo de Karnak. A área da construção foi valorizada e serviu para a construção do riquíssimo palácio nas rochas do Deir el-Bahari, que possuía uma pirâmide externa.
Como todo líder, Hatshepsut , também tinha seu braço forte. Este homem foi Senmut, homem forte do governo com indícios de ter sido amante de Hatshepsut.
A confiança entre o Faraó (mulher) e seu braço direito (Senmut) era tanta, que Hatshepsut nomeou Senmut , protetor e guardião de sua única filha – Neferurá.
Os sacerdotes mais rígidos de Amon, caíram em desgraça, já que deve ter sido difícil aceitar uma “mulher que se faz passar por homem”.
O que o Clero não poderia aceitar era que a filha de Hatshepsut assumisse o trono após sua morte.
O Clero ou Tutmosis III, eram contra a coroação de Neferurá ?
Não saberemos jamais.
A não aceitação, era uma prévia sentença de morte. Assim que Hatshepsut morreu, Senmut foi assassinado e logo em seguida sua filha Neferurá desaparece da história, o que significa que foi assassinada ou enviada para longe como Sacerdotisa.
Finalmente, Tutmosis III, assume seu lugar de Faraó e apenas 75 dias após subir ao trono, parte em direção a Ásia para conquistas militares.
Tutmosis III, governou na verdade por 33 anos e não por 54 anos, como deixou em suas inscrições, pois 21 anos foram do reinado de Hatshepsut. O governo de Tutmosis III, foi de conquistas rumo a Ásia e em seus últimos anos de governo, dedicou-se a destruição de tudo que significasse Hatshepsut ou lembrasse seu governo.
Foram destruídas inscrições e monumentos de Hatshepsut, assim Tutmosis III, tentou reaver o 21 anos que lhe foram usurpados.
Hoje temos apenas as pinturas de seu túmulo e as inscrições no topo dos obeliscos do templo de KarnaK.
Acredita-se que as inscrições não foram apagadas pela altura dos obeliscos, ou seja, preguiça mesmo.
A múmia de Hatshepsut foi encontrada no ano de 1.903, num túmulo comum, que aparentava não ser de uma realeza, no Vale dos Reis.
Não havia confirmação de que a múmia seria realmente de Hatshepsut, até que uma caixa de madeira localizada dentro do túmulo com o nome Hatshepsut foi analisada através de ressonância magnética.
Tal exame desvendou o grande mistério, um dente que “encaixava perfeitamente na mandíbula da múmia, que era de uma mulher de mais ou menos 50 anos de idade e obesa (Hatshepsut). Assim ficou confirmada a identificação da múmia da rainha, que provavelmente veio a falecer vítima de câncer nos ossos.
Quando a múmia foi descoberta, a mesma estava jogada no chão, o que comprova que houve violação do túmulo ou castigo, em época Faraônica. Curiosamente, a múmia de Hatshepsut, apresenta a mão esquerda com a unhas pintadas de vermelho e preto.
No túmulo de Hatshepsut , havia também uma outra múmia, identificada como sendo de uma enfermeira da realeza.
Após 3.500 anos de seu reinado, a múmia da rainha carismática e poderosa, saí do anonimato e reina para seus súdito, os amante por egiptologia.
Em junho de 2007, é anunciado ao mundo a grande notícia.

Identificada múmia de rainha Egípcia”


Para Hatshepsut, ser apenas mais uma múmia era pouco.
Era preciso ser uma múmia-real.

A Rainha Hatshepsut. Parte 1


Ser apenas a grande mulher do Faraó era pouco, era preciso Poder.
O Poder Feminino era pouco, era preciso o Poder Político.
Era preciso tornar-se Faraó.
Assim foi Hatshepsut.

Publicado no Boletim do Estegosssauro Volume VI nº 1,2 e 3.
Este é proEste

Estela da Fome

Estela da Fome

No Sul da Ilha de Sehel (ilha do rio Nilo), região meridional do Egito, foi encontrada a Estela da Fome, que nada mais é do que uma rocha bruta com inscrições.
Esta rocha ou Estela como alguns chamam, descoberta em 1889 por Wilbour. A autenticidade dos fatos narrados nunca foram comprovados. Acredita-se que o rei Ptolomeu V, tentou comparar-se com Djoser no combate a fome.
Provavelmente, o relato da luta contra a fome tenha sido transmitido por via oral ou Ptolomeu V teve acesso a algum documento antigo. Não podemos deixar de citar que entre Ptolomeu V e Djoser há um espaço de tempo de 2.000 anos, .
As inscrições foram feitas na fase final da história do Antigo Egipto, época ptolomaica. Sua confecção é atribuídas a Ptolomeu V.
Na parte superior da estela é possível observar a representação de três deuses da mitologia egípcia, o deus Khnum, e as deusas Satis e Anuket. Em frente deles encontra-se o faraó Djoser realizando uma oferenda aos deuses, posição confirmada pelas mãos da figura. Estes três deuses eram importantes na região próxima da ilha, formando em Elefantina, uma tríade ou agrupamento de três deuses. A própria ilha de Sehel estava dedicada a Satis.
De acordo com o texto, Djoser mantinha-se em seu palácio com sentimentos de tristeza profunda. Seu país era abatido por uma seca que já durava sete anos, o Nilo não transbordava, conseqüentemente, não depositava o lodo que fertilizava as terras para a prática agrícola.
Djoser recorre aos sacerdotes de Imhotep, que investigam nos documentos do templo de Tot uma razão para tão longa seca. Um sacerdote informa ao rei que o Nilo é controlado pelo deus Khnum, que está irado e por esta razão não permite que as águas do Nilo circulem. Para agradar ao deus, Djoser realizar oferendas, como forma de agradar ao deus.
Na noite seguinte Djoser sonha com Khnum, que lhe promete um fim para a fome. Após o sonho o rei emiti um decreto que oferece um templo com riquezas ao deus em Elefantina, região compreendida entre Assuão e Takompso.
Foto maior
Outro rochedos da ilha de Sehel, com inscrições, esta ilha do Nilo fica situada entre a primeira e a segunda catarata, ao sul.
A ilha de Sehel é dedicada à deusa Satis, mas Anuket também era adorada na mesma ilha. Estas duas deusas e o deus Khnum formam a tríade local.
Os rochedos da ilha de Sehel, possuem numerosas inscrições. A mais famosas é a Estela da Fome.
Fica a pergunta. Qual teria sido a fonte de Ptolomeu V, para a confecção da estela ?

A Estela da Fome
Antes de nos interessarmos por Sakkarah e seu mestre-de-obras, Imhotep, convém que nos interroguemos acerca dos acontecimentos que marcaram o reinado de Djoser. Na verdade, estanãos pouco informados sobre este assunto. Graças a uma inscrição encontrada em Uadi Hammamat, vale por onde passa a estrada que vai da cidade de Coptos ao mar Vermelho, sabemos que o faraó enviou expedições ao Sinai. Nos rochedos do Uadi Maghara, na peninsula do Sinai, estão representados vários soberanos, entre os quais Djoser, que bate com sua maça piriforme num chefe beduíno prostrado em sinal de submissão.
Mais do que um acontecimento particular, devenãos ver nisso o símbolo do poder exercido por Djoser sobre as tribos nômades que já não ousam transpor as fronteiras do “Duplo País” e perturbar a serenidade dos egípcios. E talvez devanãos igualmente compreender que Djoser já mandava explorar as minas de cobre do Sinai. Seja como foi, a cena clássica do faraó derrubando o inimigo assume aqui um valor especial: trata-se da vitória da ordem sobre o caos, de Djoser, o Magnífico, sobre as forças obscuras do mal, Outro fato parece pertencer mais à lenda do que à História, mas a sua importância merece que o assinalenãos com alguns pormenores. No reino de Djoser teria havido uma grande fome.
Estela da Fome - lnfelizmente, não o sabemos por meio de um documento contemporâneo, mas sim por uma estela da época ptolomaica separada da terceira dinastia por um bem considerável número de anos. A estela intituladada fomeestá gravada num rochedo descoberto ao sul da ilha de Sebel, na região de Elefantina, na extremidade meridional do Egito. Fato extraordinário: os sacerdotes que gravaram esse texto dataram-no da época de Djoser! É evidente que não tencionavam enganar quem quer que fosse com um documento falso. Podemos, portanto, considerar que um dos Ptolomeus se identificou com o seu remoto e glorioso antepassado, Djoser, a fim de dar um caráter sagrado à sua própria luta contra a fome. Também é possível supor que tenha sido transmitido um documento histórico que evocava acontecimentos muito antigos.
O que nos conta a estela da fome? Ela nos diz que Djoser está profundamente triste. Sentado em seu trono, na solidão do seu palácio, sente um verdadeiro desespero. A seca já data sete anos. O Nilo Não voltou a transbordar e a depositar na terra do Egito o lodo fértil. É a miséria e a fome para todos. Os corpos mais vigorosos perdem a força; em breve sequer terão força para andar. As crianças choram, os velhos fatalistas estão sentados no chão a espera da morte. Mesmo os cortesãos passam privações. Os templos vão sendo fechados um a um. O serviço dos deuses já não é seguro.
Qual a razão desta desgraça?, pergunta Djoser. Volta-se para os sacerdotes do culto de Imhotep, o filho do deus Ptah, sábio entre os sabios. O que se passa? Por que motivo o Nilo, O sinuoso, aquele que serpenteia, já não cumpre a sua missão? Os sacerdotes procu¬ram nas salas dos arquivos do templo de Thot, na cidade santa de Heliópolis. Desenrolando os livros sagrados, recolhem preciosas informações, que transmitem a Djoser. No meio das águas existe uma cidade: Elefantina. É uma cida¬de notável, sede de Rá, o deus Sol, quando este decide conceder a vida.
Ora, existem lá duas tetas que dispensam todas as coisas. “O Nilo”, diz a estela, “acasala saltando do chão um rapaz que fecunda uma mulher e recomeça a ser um jovem cujo coração está vivo.” Mas este renascimento anual depende de um deus: Khnum, homem com cabeça de carneiro, cujas duas sandálias são colocadas sobre as ondas. Se Khnum não as levantar, não será libertado. O Nilo não rejuvenescerá, e o vale estará condenado a seca. Djoser compreende que o deus Khnum está irado. Manda, pois, realizar purificações e procissões em honra do deus, faz-lhe oferen¬das de pão cerveja, aves e vacas.
Khnum aparece-lhe num sonho: “se o rei continuar a honrá-lo como merece, levantará as sandálias, libertará O Nilo e fará voltar as inundações. Ao despertar, Djoser emite um decreto a favor de Khnum. O milagre realiza-se: graças à sabedoria do rei e à intervenção de Imhotep, as flores voltam a florir, a abundância regressa, a fome desaparece, a terra resplandece e a alegria volta a habitar o coração dos homens. Terá essa narrativa um conteúdo histórico preciso? De fato, não é impossível que conserve a memória da soberania exercida por Djoser sobre toda a região da primeira catarata e, mais particular-mente, sobre a Núbia.
Para apaziguar Khnum e obter seus favores, Djoser oferece-lhe a região compreendida entre Assuã e Takompso, O Dodecasceno, segundo o nome grego. Este território gozou de um estatuto especial durante toda a história do Egito, estatuto esse que lhe deve ter sido concedido durante o reinado de Djoser. A estela salienta a sabedoria e a piedade de Djoser. Desafiado por um dos flagelos mais graves — a fome — , a sua primeira reação não é de ordem econômica, mas religiosa. Volta-se para os sacerdotes mais sábios e mais competentes. Não restabelece a ordem das coisas adotando medidas materiais, mas aplacando o furor divino que está na origem da desventura da terra. Djoser, o Magnífico, foi um homem de fé, mas não se abandonou a uma mística estéril. A sua grande obra era de ordem arquitetônica. Para conseguir criar o conjunto de Sakkarah, recorreu a um arquiteto genial, Imhotep.


Escriba Elise
Nov/2009