terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Greve no Egito dos Faraós - Acredite já existia

Ramsés IIIUsermaat-re-meryamun relevo do templo de Khonsu.
Faraó quase magnífico. Seus dois erros fatais foram:
  • Submissão total ao poder de Amon, e
  • Falta de firmeza nos assuntos domésticos.
2º faraó da XX dinastia egípcia, considerado como o último grande faraó do Império Novo a exercer uma grande autoridade sobre o Egito.
Filho: Faraó Setnakht X Rainha Tiy-merenese.
Seu reinado durou 31 anos, de 1194/1163 a.C, esta descrito no Papiro Harris, que detalhes da época, registros e inventários.
O papiro de Harris é da XX dinastia, início do reinado de Ramsés IV (seu filho). O papiro foi encontrado em uma tumba em Deir el-Medina e comprado por AC Harris, em 1855, posteriormente, em 1872, foi adquirido pelo Museu Britânico, que está guardado desde 1872.
É o maior papiro encontrado, com 42 m de comprimento, escrito em hierático. Dividido em cinco seções, com 117 colunas, 12 ou 13 linhas. Contém 3 quadros com Ramsés III em frente da tríades dos deuses de Tebas, Mênfis e Heliópolis. Os textos relatam doações do rei aos deuses e templos em diversas cidades durante 31 anos, barganhando favores com os deuses. A lista de doações ocupa a maior parte do papiro. Na última parte dos acontecimentos, o relato das situações caótica , façanhas do rei e paralisação de operários GREVE. O papiro termina com a morte de Ramsés III e a ascensão ao trono de seu filho Ramsés IV.

GREVE

As greves podem ser interpretadas como o 1º sintoma de uma economia falida.
Elas datam do tempo de Ramsés III.
O Egito foi o primeiro país que experimentou uma greve. Como poderia? Seria uma greve real? Quais foram as conseqüências? Nunca teremos as verdadeiras respostas.
Os Papiros de Turim, conservados no museu de Turim, na Itália, e o Papiro de Harris conservado no museu Britânico, datam da XX dinastia (1190-1080 aC), relatam fatos de uma greve em Deir el-Medina (Alto Egito), aldeia árabe no Egito antigo, onde o chefe dos artesões responsáveis pela construção dos túmulos e templos mortuários do faraó, lidera a greve.
A situação política e econômica no Egito na virada do século XII aC, é muito instável.
Ramsés III, gastava muito com os templos, além das contribuições normais, o Faraó incluía cotas extras de cereais, gado, ouro, prata e cobre, principalmente para os sacerdotes de Amon, que possuía uma riqueza maior que a do próprio Faraó.
Os sacerdotes de Amon, eram insaciáveis, pedindo cada vez mais, levando a economia a um desequilíbrio total.
O papiro informa com clareza que 10% da população dependia dos templos, 13% dos territórios eram dos Sacerdotes de Amom. Toda essa parte humana e territorial, incluindo os seus dependentes, não pagavam taxas ao Governo. O que nós faz concluir o grande prejuízo que essa parte da sociedade causava ao reino.
A administração acarreta a crise financeira. Como em toda crise, o povo é o mais sacrificado.
O povo paga a conta.
No Egito não foi diferente, é o que relatam os papiros.
Os trabalhadores, "os homens do túmulo", como eram chamados, recebiam seus salários mensalmente, em sacos de cereais.
Mediante a crise, os trabalhadores estavam a um mês sem receber seus salários.
Estima-se que eram cerca de 120 trabalhadores, divididos em duas equipes, que viviam com suas esposas e filhos. Haviam pedreiros, pintores, gravadores e escultores de relevos. Todo o trabalho era supervisionado pelo vizir, que visitava a área em algumas ocasiões para inspecionar o trabalho. Os trabalhadores foram recrutados em todo o Egito, sabemos que alguns deles eram senhores de terras e animais. Tudo indica que estes homens tenham desfrutado de um melhor padrão de vida.
O salário de um dia de trabalho para uma categoria de trabalhador médio era de 10 pães e uma medição de cerveja, um artesão da classe mais alta podia chegar a 500 pães no mês, eles utilizavam a troca para adquirirem outros itens. Os capatazes recebiam 52 sacos e os escribas recebiam 72 sacos de cereais. Mas os alimentos não chegavam a tempo, e os que chegavam eram de má qualidade.
"Ano 29, segundo mês do inverno (novembro), dia 10, um grupo de operários paralisam seus trabalhos e acampavam atrás dos muros do Templo de Tutmósis III, gritando:
Temos Fome !
Os operários são recebidos pelas autoridades, com promessas., mesmo assim os artesões permanecem acampados durante todo o dia atrás do templo e somente ao anoitecer voltavam para o cemitério. No terceiro dia, sem nenhuma resolução para o problema, eles invadem o recinto sagrado e cercam o templo funerário, o Ramesseum.
Finalmente os operários são recebidos pelo chefe de polícia e auditores, que não foram treinados para lidar uma multidão. A ocupação do Rameseum parece ter sido mais eficaz do que as medidas anteriores, porque causou uma mudança na atitude dos negociadores.
Os grevistas declaram:
"Viemos até aqui (no Rameseum), chegamos a este ponto, porque temos fome, sede, estamos sem roupas, pomadas, peixe, óleo e verduras. Contai isto ao Faraó, o nosso bom Deus, e ao vizir. Fazei com que possamos viver.”
Os salários são pagos, mas um mês depois novamente há atrasos no salário.
Novamente os trabalhadores estavam com fome e a comida era de má qualidade.
A tolerância desses trabalhadores primitivos tinha sido ultrapassada, surge a decisão histórica:
Parar de trabalhar e exigir o pagamento de seus salários .
Tem inicio nova greve no Egito.
Os celeiros do faraó estavam vazios e os salários eram pagos sob a forma de grãos, o que fazer ?
Negociar apenas ? Talvez...
Finalmente os operários conseguem chegar até o Prefeito, e conseguem selar um acordo.
O Prefeito deu-lhes um deposito antecipado de 50 sacos de cereais, para solucionar o problema e afasta-los de Ramesseum.
As greves se repetem.
Os trabalhadores paralisaram suas atividades, sempre que necessário, visando sensibilizar as autoridades e administradores corruptos, sobre os pagamentos atrasados. Além disso, os trabalhadores revelaram outras irregularidades, tais como certos crimes contra os deuses. Para apoiar novas reivindicações, eles usaram uma arma política: acusações dirigidas contra os auditores, que engavam o próprio Faraó e o vizir.
Qual o conceito de greve ? Como definir a greve hoje?
Greve é uma paralisação coletiva e voluntária dos serviços de um grupo de trabalhadores para impor a aceitação de determinadas condições a seus patronos. Nestas condições, provavelmente, os operários do Egito concordaram, e nasceu o primeiro conflito de trabalhadores com Ramsés III.
Não há dúvida de que houve uma paralisação das atividades e uma liderança, uma vez que participaram simultaneamente todos os trabalhadores. O considerável atraso no pagamento também parece ter mexido com a raiva e a inquietação dos trabalhadores.
3.000 anos depois a situação no mundo é a mesma.

Escriba Elise
Set 2009

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