quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Você usa mochila? Os egipcios também usavam. Parte 2

Descrição da estatueta:
Período: Império Antigo, VI Dinastia, reinado de Pepi I (2289-2255 a.C.).
Altura: 36,5 cm.
Material: Madeira talhada e pintada com várias cores.
Localização atual: Museu Egípcio do Cairo.
Número de Registro: JE 30810 = CG 241.
Estado de conservação: Excelente.

Descrição da estatua:
Escultura egípcia de um homem em pé, esculpida em madeira e pintada com várias cores; escultura fechada, sem nenhuma abertura, com uma peruca preta, curta imitando cabelo natural. Seu olhar e suas linhas faciais demonstram seriedade.
Olhos alinhados, intenso e de um negro profundo com a pupila e a íris separadas por um fundo branco. O artesão utilizou cores fortes na confecção dos olhos, criando um efeito intenso que destaca o olhar da estatua.
A figura trás uma cesta de carga atrelada ao corpo na parte das costas, confeccionada nas cores branca com bordas verdes. Com o braço esquerdo ajuda a manter a cesta nas costas e com a mão direita e antebraço na horizontal carrega uma pequena cesta decorada com pinturas, os cestos foram feitos simulando material vegetal, pintado em tons de bege, verde, azul, vermelho e branco. O conjunto forma um padrão de desenhos geométricos.
A base da cesta que trás nas costas, está equipado com dois pés ou suportes, talvez para dar firmeza quando no chão, garantindo sua posição vertical.
Peito descoberto, vestindo um saiote branco apertado na cintura, com altura até os joelhos.
A estatua está sem sandálias, como a maioria das representações dos portadores ou mensageiros, o corpo foi pintado com um tom de pele marrom-avermelhado.
A perna esquerda esta a frente, indicando movimento.
Sua aparência é proporcional num todo, as pernas apresentam musculatura marcada discretamente.
A representação de pessoas (homens e mulheres), na forma de escultura, levando ofertas para o falecido tinham uma função funerária, a de facilitar a vida futura de seus danos ou patrões.
Os egípcios antigo, acreditavam “que tudo o que foi representado na forma material poderia vir a vida”.
Composição: Podemos dizer que, neste caso, é uma escultura dinâmica, com movimento, representado através do avanço da perna esquerda, esse movimento é visível em todas as esculturas egípcias representadas da mesma forma como esta, seja em madeira ou outro material.
A figura humana na maioria das peças apresentam postura vertical.
Confecção: O artista poliu a madeira quase que a total perfeição, utilizou decoração a base de tinta na peruca e saia, tentando tornar a estatua o mais realista possível. O ponto mais importante ou mais atraente desta obra é o olhar intenso - os olhos marcantes.

Escrita: Os hieroglifos gravados na base da estátua relacionam alguns dos títulos do proprietário Nianjpepi: "Superintendente do Alto Egito, Chanceler do Rei do Baixo Egipto, amigo único..."

Algumas conclusões:
Estilo: A escultura apresenta refinamento no acabamento, o que demonstra evolução, levando em conta o material - madeira. Obviamente, é uma escultura que segue as linhas da arte egípcia, a simetria da composição, com proporções perfeitas.
Forma e função: como já mencionado, o papel da escultura religiosa e funerária é, portanto, ser colocado no túmulo do falecido, para o conforto do proprietário da outra vida.
O sentido desta obra é transparente, sua aparência física é a de um criado com propósitos religiosos, ou seja, é uma estátua religiosa.
Os egípcios acreditavam que após a morte do corpo, a alma "ainda estava viva e se dirigia para o reino de Osíris, onde a vida era mais confortável, mas, obviamente, tinha de trabalhar todos os dias. Isso levou os egípcios a elaborarem pequenas estátuas para ajudá-los pelo resto de suas vidas.
Cronologia da arte: Esta escultura é do final da quarta dinastia - final do Antigo e início do Primeiro Período Intermediário - um momento de crise.
Nesta época os nomes tornam se mais importantes e o poder centralizado.
No campo da arte, surgem belas escultura e pinturas de parede, que começam a ganhar terreno em alto relevo, torna-se possível a representações de seres humanos e animais em um sentido artístico, ou seja, estão deixando pata trás a arte da III, IV e V dinastias. Ao mesmo tempo, surgem variedade de cores utilizadas.
A Prova desta evolução, fica bem exemplificada no conjunto de estatuetas localizadas nos túmulo, do Primeiro Período Intermediário; todas são estatuetas de portadores de oferendas e “concubinas”.

O Túmulo de Nianj-pepi (Niankh-pepi).
Nianjpepi, governador do XIV nomo do Alto Egito, foi também conhecido com pelo nome de “Hepi o Negro”. Sua enorme tumba na cidade de Meir é reflexo da importância de seu status social como Chanceler de Pepi I durante a VI Dinastia. A tumba é composta por quatro câmaras. Na primeira, a maior, Nianjpepi e sua esposa são representados recebendo oferendas de gado, aves, animais e comida, há também uma cena de caça e pesca. No muro ocidental da tumba há uma estela com mesa de oferendas em frente dela. Numerosos poços no interior da tumba constituem os lugares de sepultamento de Nianjpepi e seus familiares. Seu filho Pepyankh foi enterrado na tumba ao lado Meir A-2.
  • Nomos - Divisão administrativa de pequenas áreas (cidade) do Antigo Egipto.

Escriba Elise
Setembro/2009

Consultas:
Kathryn Bard; Steve Blake Shubert – Enciclopédia de Arqueologia do Egito
Christian Jacq - O Egito dos Grandes Faraós/1999.
Antônio Augusto Tavares - Civilizações Pré-Clássicas. Lisboa/1995.
Site:www.egipciatemplodeapolo.net - página em português/informações do Egito Antigo.
Foto do acervo do museu do Louvre

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